23/01/2017

Apenas 8 homens possuem a mesma riqueza que metade do mundo

“É obsceno que tanta riqueza esteja a ser mantida nas mãos de tão poucos, quando 1 em cada 10 pessoas sobrevive com menos de US$ 2 por dia. A desigualdade está a enclausurar centenas de milhões na pobreza; está a fracturar as nossas sociedades e a minar a democracia.”

O relatório da Oxfam, “Uma economia para os 99%“, mostra-nos que a diferença entre os ricos e pobres é muito maior do que era pensado. Nele, espelha-se como os grandes negócios e os super-ricos alimentam a crise da desigualdade com a:
  • Fuga aos impostos
  • Redução de
  • Uso dos seus poderes para influenciarem a política.
Ele exige uma mudança fundamental na maneira como gerenciamos nossas economias para que elas funcionem para todas as pessoas, e não apenas para alguns afortunados.

Os novos e melhores dados sobre a distribuição da riqueza global, em especial na Índia e na China, indicam que a metade mais pobre do mundo tem menos riqueza do que se pensava anteriormente. 

Se estes novos dados tivessem sido disponibilizados no ano passado, mostrariam que 9 bilionários possuíam a mesma riqueza que a metade mais pobre do planeta, e não 62, como a Oxfam calculou na época.

Winnie Byanyima, Directora Executiva da Oxfam International, disse:

“É obsceno que tanta riqueza esteja a ser mantida nas mãos de tão poucos, quando 1 em cada 10 pessoas sobrevive com menos de US$ 2 por dia. A desigualdade está a enclausurar centenas de milhões na pobreza; está a fracturar as nossas sociedades e a minar a democracia.”

“Por todo o mundo, as pessoas estão a ser deixadas para trás. Seus salários estão estagnados e os patrões das cooperações levam para casa milhões de dólares em bónus; os seus serviços de saúde e de educação são cortados enquanto as corporações e os super-ricos fogem aos impostos; as suas vozes são ignoradas enquanto os governos cantam a melodia dos grandes negócios e da elite rica.”

O relatório da Oxfam mostra como as nossas economias quebradas estão a canalizar a riqueza para uma elite já muito rica à custa dos mais pobres da sociedade, com as mulheres a serem a maioria. Os mais ricos estão a acumular riqueza a uma taxa tão surpreendente, que apenas em 25 anos, o mundo poderá ver o seu primeiro trilionário. Para colocar esta figura em perspectiva, o cidadão comum precisaria de gastar US $ 1 milhão, todos os dias, ao longo de 2738 anos para gastar US $ 1 trilião.

A raiva pública com a desigualdade já está a criar choques políticos em todo o mundo. A desigualdade é citada como um factor significativo na eleição de Donald Trump nos EUA, na eleição do presidente Duterte nas Filipinas e no Brexit no Reino Unido.

Sete em cada 10 pessoas vive num país, onde nos últimos 30 anos assistem ao aumento da desigualdade. Entre 1988 e 2011, os rendimentos dos 10% mais pobres aumentaram apenas 65 dólares por pessoa, enquanto os rendimentos dos 1% mais ricos foram aumentados em 11 800 dólares por pessoa – 182 vezes mais.

As mulheres, muitas vezes empregadas em sectores de baixos salários, enfrentam níveis elevados de discriminação no local de trabalho, assumem uma quantidade desproporcionada de trabalho não remunerados, e muitas vezes encontram-se no fundo da pilha. Com base nas tendências actuais, levará 170 anos para que as mulheres sejam pagas da mesma forma que os homens.

“Uma economia para os 99%” também revela como os grandes negócios e os super-ricos alimentam a crise da desigualdade. Mostra-nos como as grandes corporações, para maximizarem os retornos dos seus accionistas ricos, se esquivam aos impostos, reduzem os salários aos trabalhadores e os pagamentos aos produtores e investem menos nos seus negócios.

A Oxfam entrevistou mulheres que trabalham 12h por dia, 6 dias por semana, numa fábrica de vestuário no Vietname a produzirem roupas para algumas das maiores marcas de moda do mundo, e que ainda lutam para ganhar a $ 1 por hora.

Os directores executivos dessas empresas são algumas das pessoas mais bem pagas do mundo. A poupança fiscal corporativa custa aos países pobres, menos US $ 100 bilhões por ano. Esse dinheiro é suficiente para proporcionar uma educação a 124 milhões de crianças que não estão na escola e intervenções de saúde que poderiam evitar a morte a cerca de seis milhões de crianças por ano.

O relatório descreve como os super-ricos usam uma rede de paraísos fiscais para evitarem pagar as parcelas justas de impostos e um exército de gerentes de riqueza que garantem os retornos dos seus investimentos, não disponíveis aos poupadores comuns. Contrariamente à crença popular, muitos dos super-ricos não são “self-made”. A análise da Oxfam mostra que mais de metade dos bilionários do mundo herdaram a sua riqueza ou a acumularam através de indústrias que são propensas à corrupção e ao fisiologismo. Também demonstra como o grande negócio e os super-ricos usam o dinheiro e ligações para garantir que a política do governo os beneficie. Por exemplo, bilionários no Brasil têm procurado influenciar as eleições e pressionam com sucesso por uma redução nas contas fiscais, enquanto empresas petrolíferas na Nigéria conseguiram obter benefícios fiscais generosos.

“Os milhões de pessoas que as nossas economias quebradas deixaram para trás precisam de soluções, não de bodes expiatórios. É por isso que a Oxfam está a definir uma nova abordagem de senso comum para gerir as nossas economias, de forma a trabalharem para a maioria e não apenas para os poucos afortunados. Os governos não estão desamparados diante da mudança tecnológica e das forças do mercado. Se os políticos pararem com a obsessão do PIB e se concentrarem em dar a todos os seus cidadãos e não apenas a alguns ricos, é possível um futuro melhor para todos”, disse Byanyima

O projecto da Oxfam para uma economia mais humana inclui:

Que os governos acabem com a concentração extrema da riqueza, de forma a acabar com a pobreza. Os governos devem aumentar os impostos sobre a riqueza e rendimentos elevados, para garantir condições mais equitativas e gerar os fundos necessários para o investimento nos cuidados de saúde, educação e criação de emprego.

Que os governos cooperem, em vez de apenas competirem. Os governos devem trabalhar em conjunto para garantir que os trabalhadores recebem um salário decente, e para porem um fim à evasão fiscal e à corrida aos impostos corporativos baixos.

Que os governos apoiem as empresas que beneficiam os seus trabalhadores e a sociedade em vez de apoiarem apenas os seus accionistas. A empresa multimilionária Mondragon é detida por 74 mil funcionários. Todos os empregados recebem um salário digno porque a sua estrutura de pagamento garante que o membro mais bem pago não ganha mais do que 9 vezes o valor do mais baixo.

Que os governos garantam que as economias trabalham para as mulheres. Devem ajudar a desmantelar os obstáculos ao progresso económico das mulheres, tais como o acesso à educação.

A Oxfam pede também aos líderes empresariais que desempenhem os seus papéis na construção de uma economia humana. O Fórum Económico Mundial tem liderança responsiva e responsável como o seu tema-chave deste ano. Eles podem dar o pontapé de saída ao comprometerem-se a pagar a sua parte justa de impostos e a garantirem que os seus negócios pagam salários dignos. As pessoas ao redor do mundo também podem participar da campanha em www.evenitup.org.

Os 8 mais ricos do mundo, ordenado pela sua riqueza:
  1. Bill Gates: Fundador americano da Microsoft (património líquido no valor de $75 bilhões)
  2. Amancio Ortega: Fundador espanhol da Inditex e que possui a cadeia de moda Zara (património líquido no valor de US $ 67 bilhões)
  3. Warren Buffett: CEO americano e o maior acionista da Berkshire Hathaway (património líquido no valor de US $ 60,8 milhões).
  4. Carlos Slim Helu: Proprietário mexicano do Grupo Carso (património líquido no valor de US $ 50 bilhões)
  5. Jeff Bezos: Fundador, presidente e executivo-chefe da Amazon (património líquido no valor de US $ 45,2 bilhões
  6. Mark Zuckerberg:Presidente, director executivo e co-fundador do Facebook (património líquido no valor de US $ 44,6 bilhões)
  7. Larry Ellison: co-fundador americano e CEO da Oracle (património líquido no valor de US $ 43,6 bilhões)
  8. Michael Bloomberg: Fundador americano, dono e director executivo da Bloomberg LP (património líquido no valor de US  $40 bilhões)


Este artigo foi retirado do excelente blogue Arte da Omissão. Se gostaste deste artigo visita o blogue neste link.

Nota RiseUp : Nesta lista dos mais ricos ainda faltava parasitas como os Rokefellers, os Rothschilds, George Soros e companhia, que nunca aparecem nestas nestas coisas.